Na reta final da 19 ª temporada da novelinha  “Malhação”, Ingrid Zavarezzi, de 50 anos, já redigiu os últimos capítulos da trama, que termina no dia 10 de agosto. Após um ano de muitas polêmicas envolvendo índices de audiência, a autora reconhece que um dos erros foi “querer inovar demais num produto tradicional”.

Apesar das oscilações do início, “Malhação” tem bons índices de audiência, média de 20 pontos. Acha que esse resultado significa um retorno positivo do público? 

Acredito que há um equilíbrio. Mantivemos ótimos índices, num horário que é complicado de se trabalhar. É uma hora em que as pessoas ainda estão presas no trânsito, chegando em casa. A grande maioria não consegue acompanhar a trama diariamente, tem curso disso, aula daquilo... Muita gente assiste à novela depois, na internet. Apesar disso tudo, somos um fenômeno na internet, ficamos entre os trending topics (assuntos mais falados do Twitter) quase todos os dias!

O que acha que deu errado?

Foi um erro querer inovar demais num produto tradicional. Fiz algumas provocações que o público não curtiu muito. A trama mística, de suspense e mistério em torno do número 1.046, exigia acompanhamento diário. As pessoas que não podiam ver ficaram frustradas e acharam a história difícil de entender. Mas a novela é uma obra aberta, que busca o entretenimento do espectador e, em busca disso, direcionamos a trajetória dos personagens.

E o que deu certo nesta temporada?

A linguagem mais solta, mais ágil, mais orgânica, que o jovem realmente fala e sente. Os relacionamentos familiares, a inclusão social de um menino cego, que vence todas as dificuldades com alegria e inteligência. O núcleo da favela, o pagode, fora as tramas mais tradicionais que agradam ao público que acompanha a série há 17 anos.

Existe uma fórmula certa para agradar aos jovens nos dias de hoje?

Acredito que o importante é falar a língua deles, é estar junto, conviver e entender os anseios, dúvidas e questionamentos dessa galera. Hoje não dá mais para pensar num produto para o jovem que não envolva a interatividade, as redes sociais.

Qual foi o maior desafio em escrever “Malhação”?

Criar diariamente para um público tão heterogêneo. Temos crianças, jovens de todas as idades, adultos, mães, avós... E eles não estão todos os dias ali para assistir à trama. Temos só 20 minutos no ar, muitas vezes recebendo baixos índices de audiência da “Sessão da Tarde” e do jornal. Em pouquíssimo tempo, levantamos essa audiência para abrir o horário de dramaturgia e “entregar” bem para a novela das 6. E enfrentamos a classificação indicativa. Falamos para jovens, mas não podemos abordar determinados temas.

Tem planos para depois do fim da temporada?

Sim, muitos! Vou descansar uns dias, dormir. Vou me casar, estou muito apaixonada (risos). Também estou trabalhando no roteiro do livro da Marília Guimarães, “Nesta Terra, Nesse Instante”. É uma história fascinante de uma mulher que, aos 25 anos, com dois filhos pequenos de 1 e 2 anos, sequestrou um avião para Cuba.