Bruno Gissoni mal havia começado a dar seus primeiros passos quando a capoeira entrou em sua vida. Com um pouco mais de um ano de idade, o intérprete do Pedro de 'Malhação' foi levado às rodas da luta pelo padrasto, o mestre de capoeira Beto Simas, que conheceu a mãe do ator naquela época. "Lembro que eu brincava. Era muito pequeno para jogar, mas já acompanhava meu padrasto nas aulas", conta. Em sua primeira graduação no esporte, Bruno era bem novinho e pequeno. Ainda por cima, tinha os cabelos louros. Por isso, recebeu o apelido de Pingo de Ouro. "Depois que cresci, fui rebatizado porque meu cabelo não era mais lourinho e aquele era um apelido bem infantil", constata. Com pouca flexibilidade para um capoeirista, ele acabou sendo chamado, carinhosamente, de Empenado. "Acho que preferia Pingo de Ouro", brinca, aos risos, o ator de 24 anos.

Cada grupo de capoeira possui seu próprio critério de nivelamento e graduação. No Capoeira Brasil, onde Bruno praticou a vida inteira ao lado dos irmãos Rodrigo e Felipe, os alunos começam na corda branca, passam para a amarela e, em seguida, para a laranja. Depois, se tornam graduados nas cordas azul e vermelha. Bruno chegou até a laranja. Isso porque, sempre que parava de treinar por um tempo, precisava voltar para a corda branca. "Eu, como filho do mestre, tinha uma carga maior. Tinha de voltar tudo de novo", revela. Os treinos, geralmente, começam com alongamento e aquecimento. Em seguida, noções básicas da capoeira são apresentadas pelo mestre e só depois os alunos começam a prática de alguns golpes específicos. "Às vezes, fazemos golpes rodados, que são mais para enfeitar o jogo", explica. "Tem os mais certeiros, como a bênção e o martelo, que são para derrubar o adversário", completa.

Mas o que Bruno mais gosta de fazer é a armada com martelo. Visualmente um dos mais bonitos, o movimento é uma espécie de chute que acontece ao mesmo tempo em que se dá um giro no ar. "Parece complicado, mas é um golpe fácil de pegar", garante. Como todo capoeirista que se preze, ele também aprendeu a tocar alguns instrumentos que sempre acompanham as rodas, como pandeiro e atabaque. "O berimbau é mais complicado. Não queira me ouvir tocando", avisa, bem-humorado. O ator tem mais facilidade mesmo é no molejo que a capoeira exige. O gingado é importante, principalmente, na hora do jogo, quando é preciso estar atento à movimentação do adversário. "Acho que tenho essa malandragem dentro de mim. Ajuda no reflexo e no entendimento do jogo", frisa.

Foi justamente a capoeira que levou Bruno para a interpretação. Quando um de seus irmãos começou a fazer Teatro, a diretora do grupo estava atrás de atores que soubessem jogar capoeira para a montagem de "Capitães da Areia". Bruno, então, foi convidado para integrar o elenco e resolveu experimentar. "Acabei me apaixonando. Tenho de agradecer à capoeira. Se não fosse por ela, eu não teria subido no palco", conclui ele, que também fez a peça "Os Melhores Anos das Nossas Vidas", de Domingos de Oliveira, e participou da primeira oficina de atores da Record. Agora, na pele do protagonista de "Malhação", sua esteia na tevê, está tendo a chance de perceber melhor a repercussão de seu trabalho. Principalmente quando viaja para fora do Rio de Janeiro e, volta e meia, é abordado por pessoas que querem tirar fotos com ele. "Não abri mão de fazer nada. Só acho que é bem diferente todo mundo me reconhecer. Não 'caiu a ficha' totalmente", admite. Quando a temporada da novela chegar ao fim, Bruno pretende investir em todos os campos de atuação, apesar de ainda não ter nenhum convite concreto para tevê ou cinema. Mas ele tem planos para o teatro. "Um amigo meu, também ator, está escrevendo uma peça adolescente e me convidou para fazer", adianta.