Quinze anos depois de sua estreia, “Malhação” vai voltar às mãos de seu criador. A partir desta segunda-feira (23), Emanuel Jacobina reassume a autoria da 16ª temporada da produção e promete dar a ela “cara de novela”. “Na verdade, vai ser uma novela que não tem a carga romântica de um folhetim das 18h, nem a liberdade para fazer comédia de uma trama das 19h. Terá um compromisso muito maior com o tratamento realista do universo jovem”, adianta Jacobina.
Para retratar esse universo jovem da maneira mais realista possível, o autor escolheu dois jovens de realidades opostas: o bolsista Pedro (Bruno Gissoni), que mora na periferia e tem de pegar duas conduções para chegar à escola; e Catarina (Daniela Carvalho), que mora em um bairro nobre, perto do colégio. É na escola, o Primeira Opção, que os dois se encontram e têm suas vidas cruzadas. “A diferença dessa temporada para as demais é que estou posicionando a história numa grande metrópole brasileira”, conta.
Novato na TV, Bruno Gissoni não parece preocupado com possíveis comparações com Fiuk: "Cada um tem seu estilo. Além disso, nossos personagens também são completamente diferentes", diz o ator.

Engajamento
Um dos professores da escola será o rapper MV Bill. Para o diretor de núcleo Ricardo Waddington, MV Bill é "muito representativo pelo trabalho social que faz e isso é importante para 'Malhação', pois traz credibilidade ao programa."

Estreante como ator de TV, MV Bill conta que só aceitou participar de “Malhação” por acreditar que veria o jovem brasileiro retratado fielmente na teledramaturgia. “Essa temporada vai ser mais real, vai mostrar os conflitos sociais e raciais do jovem brasileiro”, acredita o rapper, confessando que, a princípio, estranhou o convite. “Estranhei porque não consigo ver novelas. Nunca me sinto inserido nelas. Mas quando soube que era uma nova proposta, topei.”

“Preconceito é bobagem”
Aos 44 anos e fora das novelas desde 2008, quando fez Dedina em "A Favorita", a atriz Helena Ranaldi é uma das novidades da escalação do elenco adulto da trama. Ao ser questionada se existe algum preconceito entre a classe artística em relação a quem atua em "Malhação", Ranaldi acha que é uma bobagem. "Todas as pessoas com quem conversei que já fizeram outras temporadas disseram que o clima é maravilhoso. Quer coisa melhor?"

A personagem de Ranaldi será a pedagoga Tereza Marins. “Meu filho, de 12 anos, ficou animadíssimo quando soube que ia fazer ‘Malhação’. Estou achando ótimo, porque vai ser a primeira vez que vou trabalhar diretamente com o público jovem", comemora.

Os atores Ailton Graça, Sandra Corveloni --que ficou conhecida ao atuar o filme "Linha de Passe", de Walter Salles--, e Mário José Paz, que fez o Maradona em "Viver a Vida", fazem parte das novidades do elenco adulto. Para o argentino, a trama adolescente tem um clima bastante acolhedor. "Nunca acompanhei muito 'Malhação'. Mas acho um programa ótimo para os jovens. O elenco é ótimo, estamos entre amigos", conta Paz. A intenção é atrair o público adulto para o horário.

Fôlego

No ar desde abril de 1995, "Malhação" estreiou um novo conceito na ficção brasileira. Era uma mistura de seriado e novela. Criador do projeto, ao lado de Andréa Maltarolli, Emanuel Jacobina admite que o público perdeu o interesse pelo programa algumas vezes, ao longo desses 15 anos. “Ficar há tanto tempo no ar causa um desgaste natural.” No entanto, ele defende que a atração ainda tem uma grande expectativa de vida. “’Malhação’ é o único programa da TV aberta que trata do universo do jovem brasileiro. Quando começarem a surgir outros projetos como este, pode ser que, ela fique com seus dias contados. Mas até lá, não”, defende.
O diretor Ricardo Waddington usa o mesmo argumento para defender a permanência da trama no ar. “Nenhum outro programa da televisão brasileira se aprofunda com tanta responsabilidade e com tanto cuidado em temas que são diretamente ligados à adolescência.”