Nosso Twitter! Facebook! Contate-nos por email!

Desenrola acerta o tom ao focar adolescência e virgindade

Desde o renascimento do cinema nacional, a maioria dos lançamentos populares parecia trazer apenas dois assuntos: a violência urbana e as comédias frívolas com atores de televisão. 2010 foi importante por abrir esse leque, com filmes de cunho religioso e produções voltadas ao público adolescente.

Depois dos ótimos “As Melhores Coisas do Mundo”, “Os Famosos e os Duentes da Morte” e “Antes Que o Mundo Acabe”, estreia agora “Desenrola”. O filme dirigido por Rosane Svartman, que tem vasta experiência com o público teen – foi roteirista da clássica série “Confissões de Adolescente” – , é um retrato fiel e divertido da nova geração jovem.

Ainda que, à primeira vista, possa parecer uma versão cinematográfica da estereotipada novela teen “Malhação”, com direito a inúmeros atores – e apresentadores – da TV Globo, aos poucos a produção vai mostrando seus diferenciais.

A principal qualidade do longa é justamente sua fidelidade ao universo teen. O projeto começou com uma pesquisa sobre sexo, que acabou virando a série de documentários “Quando Éramos Virgens” no GNT, depois foi adaptada para o formato de websérie, virou livro e até série – “Desenrola Aí”, no Multishow. Toda essa pesquisa serviu de base para o roteiro escrito pela própria diretora e Juliana Lins, culminando na criação da personagem principal, a fofa adolescente Priscila, interpretada no cinema pela talentosa Olívia Torres.

Na história, Priscila é uma adolescente de 16 anos, que tem uma paixão platônica por um garoto mais velho, o Rafa (Kayky Brito). Quando sua mãe (Claudia Ohana) viaja por 20 dias, Priscila fica sozinha no apartamento e resolve que é hora de revelar seu interesse pelo garoto.

A trama central pode até parecer simplista, mas na adolescência os problemas mais simples tendem a se transformar num tumulto caótico. Os sentimentos exacerbados pelo desequilíbrio hormonal amplificam dilemas banais até torná-los os mais complicados do mundo. Assim, descomplicadinho, o filme coloca em discussão assuntos sérios, como a hora certa de perder a virgindade, gravidez na adolescência e outros temas pertinentes. Todos são encaixados na trama de forma sutil, sem didatismo – aquele tom professoral de aula de educação sexual. Ainda que alguns temas sejam resolvidos facilmente, o filme consegue desmistificar principalmente o tabu da virgindade.

A diretora escolheu uma linguagem moderna e sincera que fala diretamente com os jovens, ao mesmo tempo em que faz referências aos anos 80, lembrando aos pais que eles também já foram adolescentes. As referências são muito bem encaixadas na trama, com uma trilha sonora que mistura clássicos do rock nacional com músicas modernas. Bom exemplo dessa equalização surge na sequência em que Priscila encontra a caixa em que sua mãe guarda pertences de sua adolescência. As cenas da jovem encontrando um walkman (objeto que muitos jovens atuais nunca viram) é ao mesmo tempo saudosista e hilária.

A promissora Olívia Torres, que já integrou o elenco de “Malhação”, é uma jovem atriz que merece ter sua carreira acompanha de perto. Olívia é carismática e tem ainda aquele jeito e olhar ingênuo da adolescência. Sua personagem, Priscila, começa como uma típica adolescente, que durante a história cresce e e se torna uma menina mulher. A escolha de Priscila por roupas diferentes, por escutar a velha fita da sua mãe e gostar do hit da banda dos anos 80 Simple Minds mostra que ela não é uma garota tão igual as outras adolescentes, tornando-a muito mais interessante para o público.

Ponto a favor do filme, a escalação do elenco selecionou, para os papéis mais jovens, atores que são adolescentes de verdade e parecem interpretar versões de si mesmos.

Engana-se quem pensar que o filme, por tratar de virgindade, interessa somente às meninas. Os garotos também vão se identificar com os personagens Boca (Lucas Salles) e Amaral (Victor Thiré), uma dupla no estilo do Gordo e Magro, que participam dos momentos mais engraçados da história. Lucas Salles é um achado. O ator se saí muito bem tanto nos momentos engraçados como nos mais sérios.

Entre os atores conhecidos da televisão, Kayky Brito está razoável em seu papel de objeto do desejo, perfeito para o seu perfil. Claudia Ohana, que nos anos 80 pegava onda com o “Menino do Rio”, convence como mãezona, que viveu intensamente sua adolescência. Há também boas participações de Marcelo Novaes e Letícia Spiller, repetindo a parceria da época da novela “Quatro por Quatro”, além de uma hilária aparição da Juliana Paes.

Na verdade, o único desarranjo – mico mesmo – fica por conta da escalação de Pedro Bial como um professor. Bial, como professor, é um ótimo apresentador do Big Brother Brasil. A cena em que passa um trabalho para os alunos parece uma prova do BBB. E, nesse instante, todas as boas intenções do roteiro derrapam para o lugar-comum do cinema-televisão da Globo Filmes.

Com mais acertos que equivocos, “Desenrola” consegue acertar o tom como filme para o público adolescente, sem cair na pieguice ou soar inocente demais. Mostra sem enrolação assuntos que ainda hoje parecem tabus, projetando um retrato fiel sobre uma das fases mais complexas e divertidas da existência humana.




0 comentários:



Nome: Central de Notícias Malhação
Url: noticiasmalhacao.com
Versão: #MalhaçãoNews2013 (7.0)
Webmasters: Pablo e Lucas
Design: Lucas M.
Contato: @@
Melhor visualizado: Chrome
Visitantes: online










Afilie-se pela Chat Box.

Blog Archive